O deputado federal Marco Bertaiolli apresentou, no Congresso Nacional, um projeto de lei para tornar obrigatória a realização de exame, em gestantes, para a detecção de trombofilia nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). “O objetivo é que este exame passe a integral o rol de exigências do pré-natal, evitando, assim, o risco de morte, tanto à mãe quanto ao bebê. A prevenção é sempre o melhor caminho, principalmente durante o período da gestação que, por si só, já é um momento bastante delicado”, destacou.
A doença é causada por distorções na coagulação do sangue, o que favorece a formação de coágulos (trombos). A própria gravidez em si já provoca alterações na coagulação sanguínea, situação que favorece o desenvolvimento de trombose venosa profunda (TVP) e embolia pulmonar (estágios avançados e graves de trombofilia) mesmo em mulheres que, antes do período gestacional, não eram portadores do problema.
“A doença quando diagnosticada na gravidez aumenta os riscos de complicações na hora do parto”, destaca o deputado, que agora realiza um trabalho junto aos demais parlamentares para aprovação do projeto. A trombofilia ocorre em razão de uma interferência na circulação sanguínea entre o útero e a placenta, podendo provocar a TVP e uma embolia pulmonar, duas das principais causas de morte materna; retardo do crescimento fetal; aborto espontâneo; morte do feto; nascimento pré-maturo; pré-eclâmpsia grave; e descolamento de placenta.
Membro titular da Comissão Nacional de Saúde, no Congresso Nacional, Bertaiolli avalia que o diagnóstico precoce dessas condições é essencial para a proteção da saúde da gestante e do bebê. “O conhecimento prévio da existência de trombofilia permite que o médico faça a melhor terapia para cada caso e controle os principais riscos”, afirmou o deputado, completando que o SUS tem o dever de oferecer os exames laboratoriais e o diagnóstico necessário. “Precisamos proteger saúde das grávidas e dos filhos”, salientou o parlamentar.
Bertaiolli defende que, com a realização obrigatória dos exames, “muitas sequelas e óbitos serão evitados”. Apesar da gravidade, desde que sejam tomados os devidos cuidados, com um acompanhamento médico e o tratamento adequado, a mulher com trombofilia pode engravidar normalmente. O tratamento é feito por meio da aplicação de injeções diárias de medicamentos que freiam a coagulação. Elas são administradas em casa. O tratamento é oferecido pela rede pública.
DADOS
Estudos realizados apontam que o risco de trombofilia na gestação aumenta 4 a 5 vezes na comparação com as não grávidas. No período chamado de puerpério (de 42 dias a oito semanas de gestação) o risco aumenta-se 20 vezes.
No Brasil há uma subnotificação de casos de mortes causada pela doença. Grande parte das gestantes ou puérperas que morre por embolia pulmonar, acaba entrando nas estatísticas de mortes por sangramento ou infecção.
Nos Estados Unidos, por ano, entre 60 e 100 mil grávidas morrem de embolia pulmonar. Já no no Reino Unido, a principal causa de morte materna é a embolia pulmonar. Os mesmos estudos apontam que, entre 79% a 89 % das gestantes que morrem por embolia pulmonar, apresentam ao menos um fator de risco identificável a partir do exame.
“Os dados mostram a importância do exame prévio e obrigatório na rede pública de saúde”, conclui Bertaiolli.